sexta-feira, 20 de março de 2009

Talking Book - O Imperio da elegância!




Há alguns anos descobri boquiaberto, diversos artistas norte americanos da música negra. Curtis Mayfield nas minhas lembranças figura como primeira descoberta. A sonoridade da sua voz, os arranjos extremamente sofisticados e a temática racial presente em suas maiores obras, me levaram a uma busca desenfreada pela internet de tudo que pude baixar de artistas relacionados. Toda uma gama de artistas geniais foi aos poucos aparecendo e sendo degustados. James Brown, Marvin Gaye, Sly & The Family Stone e etc… Blaxplotaiton, Funk, Soul e R&B eram nestes momentos o estilo mais ouvido por mim tanto em casa quanto na rua. Nada melhor do que James Brown explodindo os tímpanos enquanto caminha-se pela rua.
Foi com certo assombro que assistindo ao documentário Historia do Rock’n Roll de Jeffrey Peisch, vi imagens de outro gênio por mim esquecido durante estas explorações no meio da Black music: Stevie Wonder. A música que me chamou atenção na primeira orelhada foi Superstition. Stevie Wonder começou sua carreira ainda pequeno – tendo lançado seu primeiro álbum aos 12 anos - um dos poucos casos onde alguém consegue fazer-se durante toda uma vida dentro do meio artístico, com muita competência e criatividade constante. Stevie Wonder é multi-instrumentista, cantor e compositor. Dono de uma voz bastante singular, a qual se auto-acompanha de teclados e sintetizadores com todo o swingue e o balançar de cabeça característico...
O álbum que primeiro baixei dos meus back ups e fui atualizar foi o Talking Book, disco lançado em 1972. Este é certamente um dos maiores discos já lançados pela música negra em todos os tempos, tendo em seus créditos nomes como Jeff Beck, o album desfila belas canções e grooves inesperados. Andamentos estranhos no soul mais convencional, auxiliado por uma super banda multi-racial e sendo um dos imprescindíveis frutos do selo Motown. Gravadora independente que contava com um cast fabuloso de compositores, músicos de apoio e artistas do primeiro esquadrão da Black music. Ali era um lugar de criação coletiva, um celeiro de grandes gênios da música pop dos anos 60 & 70. Ao leitor basta uma pequena pesquisa no Google e rapidamente se dará conta da importância deste selo pra música negra e pop do mundo inteiro, uma enorme gama do que de melhor se produziu naqueles tempos leva esse nome no seu selo. Artistas como Marvin Gaye, Temptations, Supremes, Jackson’s 5, faziam parte do cast da gravadora.
O disco é um passeio agradável pelo que se convencionou chamar de Smooth Soul, que eu traduziria pelo “rótulo”: Alma Polida(Soul polido ou suave). Certamente poucas vezes um rótulo se prestou de forma mais adequada a adjetivar um disco. Porque certamente o próprio Stevie e a sua música não podem ser enquadrados tão facilmente. O disco é certamente a expressão de uma alma polida, de uma expressão musical suave, mas que possui sim a sua intensidade, esta não repousando apenas na violência como querem crer certas almas rudes. O próprio soul enquanto ritmo musical, se confundi tanto com o gospel, quanto com expressões mais secularizadas, alguém no documentário diz até que o soul é o gospel secularizado. E a riqueza dos estilos e da música está em sua própria condição polifônica, prenhe de possibilidades e porque não de devires. E neste disco é a suavidade, o polimento, a inventividade, e certa experimentação que nos agarra pelos ouvidos. Talking Book é apenas um dos grandes álbuns lançados por Stevie Wonder na fase adulta, composto de uma espécie de equilíbrio supremo, o disco é um convite a polifonia. A riqueza das sonoridades, dos timbres escolhidos e dos arranjos, aliados ao grande talento do seu autor, nos passa um sensação de animação serena.
São canções de extrema beleza como: You’ve Got It Bad girl, You Are The Sunshine Of My Life, Looking for Another Pure Love, Blame It On The Sun. Outras, mais balançadas: Superstition, Maybe Your Baby, Tuesday Heartbreak. E as também ótimas: Big Brother, I Believe, You and I. Ao todo são dez canções excelentes, pra você curtir com um garrafa de vinho e um bom papo, com dor de cotovelo, com uma gata ou gato ao lado, enfim escolha a forma porque discos geniais podem ser escutados de qualquer jeito, pois nunca deixam de agradar.
Após recente descoberta só me resta sentar, abrir o player e continuar a revisitar essa obra símbolo de elegância, versatilidade e gênio criativo. E me dar conta de que existem muitos swingues para curtir ainda. Amém.

Pra baixar este disco o seguinte link está ativo:

http://www.4shared.com/file/84555786/fd566a9a/Stevie_Wonder_-_Talking_Book.html

É só colar no navegador e mandar bala!

A faca que você usou pra espetar meu dedo
Passou diante dos meus olhos,
Pousou na minha coxa esquerda!
Aquele susto covarde
Me tornou alguns graus mais esquizofrênico...
Você miserável musa e suas meias arrastão
Seu cigarro caro e sua bebida que não seca!

Sim, é agora e vamos acertar as contas, cansei!
Não serei mais teu escravo, quero desfazer o contrato.
Não quero mais as suas chicotadas, perdi o tesão querida.
- O que o contrato não pode ser desfeito?

- Vadia!

terça-feira, 17 de março de 2009

O tempo ensina
Há momentos de ser represa e
Outros de ser canal.

Os asnos também correm,
Alguns anos passam devagar...
Não somente a velocidade importa,
Imposta deverá ser a modulação
Tudo habita nela!

De tudo o que não sei,
Tenho pressa dos seus olhos,
Apenas.